FFCHLA - Mestrado em Educação e Curso de Pedagogia
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PEDAGOGIA E A GESTÃO DA EDUCAÇÂO

Profa. Suzana Maria Borges
suzana.boges@utp.br
Pedagogia, FCHLA
Universidade Tuiuti do Paraná

Para abrir o debate sobre a gestão da educação e sua contribuição à formação dos profissionais em educação, é necessário  apontar na direção do atual cenário, o da globalização e os desafios que se impõem. As transformações que vêm ocorrendo na   contemporaneidade  colocam o  homem  diante  de  um cenário múltiplo de questionamentos perante as  mudanças, que no último quarto de século atingiram  proporções e dimensões que ainda tentamos explicar e compreender. O conheci- mento científico é um dos grandes pólos de mudança neste cenário, onde as descobertas  previnem doenças e  aumentam a longevidade do homem.
 Esse contexto, em sua complexidade, demonstra que a educação  nestes últimos 25 anos, foi construindo sua trajetória histórica por políticas públicas de intensa transformação, gerando seu processo de desenvolvimento e modernização. Segundo  a professora Azevedo, doutora em Ciências Sociais pela Unicamp, por meio de uma abordagem histórica,  destacam-se marcos da política educacional e  procura demonstrar como o tratamento da questão educacional tem sido sempre condicionado pelos valores autoritários  que presidem as relações sociais brasileiras. Esse sentido histórico, tem apontado na direção de que a autonomia na educação não chegou a ser construída ou mesmo elaborada, sem que a articulação com a natureza política dos sistemas de governo crescessem na proporção da intervenção com estes valores pouco ou democraticamente ausentes. 
A educação, como uma questão nacional, tal como outras realidades constituídas, e a própria emergência de mudanças num contexto globalizado, colocou o Estado como o proprietário dos destinos da educação. As marcas conservadoras datam das últimas conseqüências da pedagogia tecnicista, em que o aprisionamento da autonomia nas práticas relativas à educação não respondiam às novas exigências de uma sociedade em mudança. O saldo que se mantinha desse período estava incrustado pelas “certezas” que os tecnocratas acreditavam e pela condição de que não seria necessário fazerem-se mudanças. A rigor, a reforma do Estado, a reformulação legal para as bases de uma educação nacional colocavam a gestão, na década de 90, a gerar também, em sua trajetória histórica, fontes de renovação e  ser a alavanca para uma nova visão de administração na educação por políticas públicas de articulação mais facilitadoras ao processo de modernização. Simultâneo à democratização tão solicitada nos espaços educacionais, a gestão vem acompanhada  por uma defesa intensa  a um conceito de gestão participativa, com clareza em suas diretrizes  e conceito sobre as lutas em educação, como uma seara das possibilidades.
 A história  das lutas na humanidade contra os processos desiguais, a exclusão social e a aspiração educacional, fazem parte no nosso país, de uma dimensão temporal. A escravidão na existência humana e a sofisticação nos modos de exploração desde que constituiu-se  a civilização, carregaram a educação articuladas pela cultura de um povo, os modos de como se faria a  administração. A dimensão histórica pode nos ajudar a compreender e encaminhar a transformação. Podemos identificar , nessa teia entrelaçada de políticas publicas para a educação, a renovação no papel gestor do Estado e da legislação da educação nacional, como um novo imperativo para os conceitos e ressignificações do homem, do mundo e da sociedade para reorganizar então o espaço e o contexto educacional. 
A gestão da educação surge como  elo entre o possível e o real, recolocando as questões de qual homem queremos formar, qual conhecimento faz-se pertinente ,qual espaço  para a educação  e  qual sociedade  temos a intenção de planificar para a dimensão humana existir realizada de forma coletiva  na escola.
       Essas questões são levantadas e questionadas à medida que a modernidade não dispara mais sinais de que tem a resposta sobre a sua própria proposta. Reside nessa reflexão, o drama que reúne o paradigma da modernidade, imbuída e revestida de todas as convicções que resultaram no panorama mundial a que assistimos hoje, do homem viajar em um ônibus espacial para fazer contato com a Lua e os homens no  planeta terem a possibilidade de assistir. Enquanto na Terra,  ainda não conseguimos que todos tenham acesso comum aos bens da aspiração de toda sociedade : ir para a escola, estudar e ter projetos para sua vida e dos que estão à sua volta, de encontrar a sociedade organizada para o individual, e não para o grupal. 
         A recaída dos valores fundamentais confirma-se em cada conduta do homem nas relações sociais, em que a ética resume-se aos espasmos da indiferença intelectual, racional ou de sentimentos menos nobres e pobres, como a comiseração, covardia, infidelidade e outros do mesmo gênero. A linguagem, maior instrumento de confirmação da presença da existência e de seu desenvolvimento, hoje, resume seu uso mais às  imagens e sons do que à linguagem escrita e falada. O homem fala mais com menos sentido e convoca apenas sua capacidade intuitiva, ao fazê-lo. A transformação do ser humano reside na possibilidade de fazer o uso adequado da linguagem e não na sua restrição. Desse modo, o homem tem hoje as questões apontadas sobre as mudanças necessárias na educação, na sociedade e no próprio fazer.
         Ao educador cabe abrir o caminho para desbravar novas intenções, revestidas de ética. Em tese, a nova pedagogia indica a necessidade da expansão da educação básica, de forma democrática, a formação plena do profissional que supere as problematizações do cotidiano escolar e a visão de eficácia  para as práticas educacionais. Coloca-se então, a importância de uma  gestão para a educação, cumprindo as intenções de renovação dos aspectos da formação humana e de seu desenvolvimento, em uma administração que seja boa no presente, construindo um futuro de possibilidades pelos que passarem pela Escola. O profissional de educação, não estará mais só para o cumprimento do magistério em sala de aula e a sua performance amplia-se por uma pedagogia do homem, da sociedade, do mundo do trabalho e do bem ao humano.
       A  democratização do conhecimento  e as atuais exigências sócio- culturais para a evolução do crescimento humano incidem em como  formar  profissionais  na  área  da  educação, sob a renovada orientação de gestão voltada à dimensão destas habilidades e competências. Com  a  direção  estabelecida,  democraticamente, para o  conhecimento a gestão da educação   constitui-se na possibilidade de concretizar na experiência humana  a inserção de um modo de pensar coletivo, integrado a todas  as ações, cumprindo seu papel fundamental de  conduzir a educação e o ensino para a realidade contemporânea de práticas educativas, que resultem na organização dos espaços para a construção  da cidadania, da justiça entre os homens e da igualdade de oportunidades a um mundo de exclusão, de sofrimento nas desigualdades e injustiças sociais. A concepção de educação não mais atingindo poucos, mas, congraçando a todos, pela nova visão de superar com a gestão,  uma práxis de coesão, integração   confere às organizações e espaços educacionais o ambiente dos valores fundamentais dos homens e dos saberes, garantindo ao mundo das relações um cenário de equilíbrio e de novas perspectivas para a existência humana nas sociedades.
A responsabilidade da escola, como o local dessa formação, inspirada pela gestão e garantida por ela, vincula sua posição em uma forma de administração que reúne a comunidade educativa que a concentra integrada em uma política educacional que delimita direção e sentido de todo o trabalho que ali acontecer. Dessa forma, a gestão não só concretiza os caminhos, como confere o sentido das práticas que emergem des-
se ambiente escolar e das relações  construídas coletivamente. A gestão da educação, funcionando como um termômetro ao exame e avaliação da realidade, possibilita do planejar ao revisar, da contradição à clareza, da incoerência à coerência, do individual ao sempre grupal, coletivo e participativo. Esses elementos de decisão, ação e reflexão colocam a função da escola e seu papel, pelo projeto pedagógico, de forma sustentável, e torna possível examinarmos as interfaces da educação com a gestão, verificando a íntima  relação que se estabelece. A primeira resulta da gestão estar como promotora em suas intenções para a educação dos destinos a que estará submetida a escola na sua tarefa do ensino e da aprendizagem . De todas as limitações  que a realidade escolar apresenta hoje, a gestão é a possibilidade de incentivar a reflexão, requerendo um homem mais criativo, participativo e integrado com a globalização e democratização do conhecimento para uma só direção , que reúna  os valores , as habilidades e competências do profissional, que contemple em  si, a própria evidência da concepção de gestão como a alternativa de abertura às práticas educativas de encontro às práticas sociais integradas.

Referências Bibliográficas

FERREIRA, N.S. C. & AGUIAR, M. A . da S.(orgs).Gestão da Educação. São Paulo: Cortez:2000.
FERREIRA. N.S.C. (org). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo:Cortez: 2000.
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Edição: Evelcy Monteiro Machado e  Iolanda B. C. Cortelazzo -  dezembro de 2002.
Criação da Página: Ioalnda B. C. Cortelazzo - novembro 2002